27 maio, 2010

Deus...

"Deus nao é um poder infinito no início de todas as coisas. É uma fraca semente de bondade e beleza em tudo que há. Quando a semente brota, aparece o Paraíso..."
Rubem Alves em "Espiritualidade" pg. 53 Ed. Papirus

25 maio, 2010

A semente do mal

Certa vez, no meio da multidão, Jesus propôs ao povo uma parábola, como era seu costume. Ele começou sua parábola assim: o reino é como um agricultor, que planta uma semente de boa qualidade no campo. Porém, quando aqueles que deveriam guardar o campo não o fazem, o inimigo vem e joga sua semente do mal, fugindo logo em seguida. Quando a plantação começa a dar frutos e a crescer, o fruto do mal, conhecido também por joio, aparece. Os empregados do fazendeiro perguntaram como aquilo aconteceu. Ele lhes disse que certamente o inimigo produziu uma coisa daquelas. “Podemos arrancar, patrão?”, perguntaram os empregados. O fazendeiro negou, afirmando que poderia acontecer algum acidente, podendo ser arrancado também o bom fruto junto com o ruim. Mas ele lhes assegurou que isso não seria assim para sempre, pois no momento certo, ou seja, no tempo da colheita, ele daria ordem aos seus empregados para que arrancassem o fruto da semente do mal e o jogassem no fogo.

Posteriormente, sem entender nada, os discípulos de Jesus lhe perguntaram o sentido daquela parábola. Pacientemente, ele lhes disse o seguinte:

- A parábola é simples. Quem joga a boa semente sou eu, que a espalho pelo mundo afora a fim de abençoar as pessoas e proclamar que o meu reino está chegando. A semente de boa qualidade representa vocês, filhos amados do reino. É a semente que morre para si mesma, que faz gerar vida e que é frutífera para abençoar vidas e alegrar o coração do Pai. O campo é o mundo, que deve urgentemente conhecer a mim, para que tenha vida, e a tenha em abundância. Já a semente do mal, ou o joio, representa os filhos do Diabo. São aqueles insubmissos, rebeldes, cheios de si, de arrogância, de presunção e de engano. São aqueles que exigem seus direitos, que só se hospedam em hotéis cinco estrelas, que importam impostores tão filhos do Diabo e fraudulentos como eles, a fim de explorar a credulidade alheia (como se a minha bênção estivesse condicionada a valores financeiros, usando mídia e outros meios para fins escusos). Aquele que jogou a semente do mal é o pai legítimo de seus frutos. O Diabo, inimigo de tudo aquilo que lembre o reino ou que o evoque, é o adversário, o divisor, o inimigo, aquele que planta confusão e dúvida no coração do homem e insufla para que sua velha natureza volte à vida, transformando a carnalidade em simulacro de autoridade espiritual. A colheita será o tempo de ajuste de contas, quando eu voltar em majestade e glória. Os empregados são os anjos, aqueles que separarão os bons frutos dos frutos da semente do mal. Eu darei ordem a eles para que joguem os filhos da semente do mal no lago de fogo, junto com seus ternos Armani, suas gravatas Hermes, seus jatinhos executivos, suas mansões, seu dinheiro, seu poder, seus mega-empreendimentos e sua empáfia. Ali serão atormentados eternamente. Porém vocês, meus filhos, frutos benditos de meu Pai, resplandecerão como o sol no reino de nosso Pai. Quem tem ouvidos, ouça.


Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Rolim de Moura, RO.

21 maio, 2010

Cristão relutante

Nada como um bom título de CD, quadro ou livro. É como cereja no bolo.

Foi a impressão que tive quando li a obra de Donald Spoto, cujo título não poderia ser mais apropriado: “Francisco de Assis, o Santo Relutante”. Um santo homem que dispensou o título, talvez por não achar-se digno dele. Ou talvez por sua indiferença às instituições, seu desapego radical a tudo o que se cristaliza e acaba engessado.

Mas aí pensei em meu próprio bolo, minha trajetória de vida. E o subtítulo da biografia de São Francisco me fez pensar em um subtítulo para a minha (uma cereja nem um pouco saborosa). Então cheguei a esse aí em cima, “cristão relutante”.

Antes que me atirem pedras (o mundo virtual é um lugar perfeito para esse tipo de comportamento), meu problema não é com Deus. Lembrei de uma canção de Keith Green (1953-1982), músico e compositor norte-americano que chacoalhou o ambiente da música cristã de lá no final da década de 1970 e início da de 1980, intitulada “How can they live without Jesus?” (Como eles podem viver sem Jesus?):

Cause phonies have come
And wrongs been done
Even killing in Jesus´ name
And if you´ve been burned
It´s what I´ve learned
The Lord´s not the one to blame

Em tradução bem livre, o que ele diz é o seguinte:

Porque impostores têm vindo
Erros têm sido cometidos
Até mesmo matar-se em nome de Jesus
E se você tem se “decepcionado”
O que eu tenho aprendido
É que não devemos colocar a culpa em Deus

Minha relutância não é em relação à pessoa e à mensagem de Jesus. Amor ao próximo, misericórdia, generosidade, compaixão, sensibilidade, bom senso... não há coração de pedra que resista a esses pensamentos, sentimentos e atos transbordando numa pessoa.

Minha relutância é ao que tem sido feito de tudo isso. Empreendimentos milionários, organizações gigantescas, instituições burocráticas, templos suntuosos, e na maioria das vezes inúteis, parecem não combinar, não fazer sentido à luz da mensagem-pessoa.

Diante deste cenário esquizofrênico, talvez nos reste o silêncio. E o sábio conselho do relutante Francisco: “Prega o evangelho, se for preciso, use palavras”.


Jorge Camargo, mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br

18 maio, 2010

Exclusão...

Conta a história que um pecador notório foi excluído e proibido de entrar na igreja.
Ele levou suas dores a Deus.
- Eles não me deixam entrar, Senhor, porque sou um pecador.
- Do que é que você está reclamando? - Deus perguntou.
- Eles também não me deixam entrar.


Brennan Manning em "O Evangelho Maltrapilho" pg. 30 Editora Mundo Cristão

16 maio, 2010

Agora querem usar a minha boca…

Durante muitos anos todos queriam que eu falasse o que desejasse; qualquer coisa…

Depois de 1998 ninguém queria mais que eu pregasse… Até alguns que viveram a vida toda dizendo que eu tinha que pregar até morrer!… Sim, até eles passaram a dizer que não queriam mais que eu pregasse…

Fiquei quieto por dois anos e meio…

Declarei que não mais me envolveria com o movimento “evangélico” a fim de poder viver o Evangelho sem associação com o movimento que leva o nome da qualidade do Evangelho [evangélico] — a fim de não me identificar com algo que era um estelionato em relação ao Evangelho.

Então me chamaram de anticristo, de sedutor, de adultero, de desviado, de apostata, de traidor, de tudo o que não presta… Demônio era o tratamento mais comum entre 1999 e 2003.

Depois foi um dilúvio de cartas, sim, tão logo iniciei meu site…

Os temas eram as taras dos crentes: pastores, suas esposas, líderes, e todo tipo de gente; basta ver as milhares de cartas no meu site.

A “igreja” que me acusava de ter me divorciado e de ter me tornado adultero em razão disso, agora, anos depois, quando milhares e milhares me lêem e vêem todos os dias, tanto no site quanto da Vem&Vê TV, escrevem-se dizendo como devo usar a minha influência para ajudar os evangélicos.

E mais: agora querem que eu não diga mais o que sempre disse; e que eles usavam para, depois de 1998 [antes nunca...], justificar a minha apostasia da fé… Como agora milhares e milhares me lêem, ouvem e assistem todos os dias, querem me usar para que a igreja evangélica não seja vista como ela é…

Mas eu não tenho mais o que dar…

Hoje, no Papo de Graça, mostrei um documentário no qual um homem possuído pelo diabo buscou ajuda nas igrejas e não achou; veio a ser liberto por uma menina simples, mas que cria em Jesus de verdade. Como o homem do documentário disse que foi a todas as igrejas e ninguém se dispôs a ajudá-lo ou a visitá-lo…, um crente que assistia o Papo ficar zangado…

Ora, ao fim do documentário ele, o crente zangado, escreveu no espaço de interatividade do site da Vem&Vê TV que o documentário era tendencioso, pois deixava a igreja numa posição negativa…

Fiquei chocado…

Tudo no documentário exaltava a Jesus, mas o moço crente não se alegrou com a libertação que Jesus trouxe ao homem, e somente se doeu ente o fato de que a igreja foi mostrada de modo negativo; o que nada mais era do que fato verdade dado aos fatos expostos…

Quanto mais vejo e observo [...] mais vejo que a “Igreja” é o “Deus” de grande parte dos crentes!

São “idolatras” da “igreja”!

Até Jesus só pode ser glorificado se a “igreja” for também!

Sim, Jesus não tem glória ante os olhos dos crentes se a “igreja” não for glorificada junto…

E o pior é que os “cabeças” da “igreja” pensam assim e ensinam que assim seja…

Como diz o Salmo há aqueles que são como serpentes venenosas que não aceitam ouvir o canto do encantador que as levaria a não morderem com veneno…

Quando Jesus voltar encontrará muita crença na “igreja”, mas nenhuma fé Nele mesmo!

Até quando Senhor?

Mas não descansarei…

Pregarei até o dia do meu fim como voz nesse mundo!

Nenhum homem calará a minha boca…

Senhor, minha boca está aberta; enche-a com a Tua Palavra!

Caio Fábio

Seleção...

11 maio, 2010

Despedida...

O sol estava se pondo. O por-de-sol a fez lembrar-se do seu pai. Ela começou a falar. Ele estava muito enfermo, mortalmente enfermo e sabia disso. Ela abandonou o seu trabalho para estar com ele. E conversavam sobre a morte próxima. Tranquilamente. Disse-me que a hora que seu pai mais amava era o crepúsculo. Desde menina. Ele se assentava com ela e ia mostrando a beleza das nuvens incendiadas, a progressiva e rápida sucessão das cores, azul, verde, amarelo, abóbora, vermelho, roxo... À medida em que o tempo passava ele ficava cada vez mais fraco. Fraco, queria sempre ver o por-de-sol. Um homem a morrer é um sol a se por. Numa dessas tardes ela não conseguiu conter as lágrimas. Chorou. Ele a abraçou e colocou seu dedo sobre os seus lábios. “Não quero que você chore...” E apontando para o sol que se punha disse: “Eu estarei lá...” Sei que não reproduzi com fidelidade o que ela me disse. O seu relato foi imensamente mais rico, cheio de detalhes, de saudade, de tristeza e de beleza. Por isso eu lhe peço perdão. Mas senti que ela era agradecida pelo tempo que passou com o pai. A morte cria uma intimidade que é impossível em outras situações. E contou-me também de uma orquídea que silenciosamente acompanhou esses momentos de despedida. A orquídea, depois que seu pai partiu para o por-de-sol, se recusou a parar de florir...Será que as pessoas queridas que partem continuam a morar no perfume das flores? É possível...

Rubem Alves

10 maio, 2010

Trízimo da Casa Própria....Ai...Ai...Ai



Só uma perguntinha: O que isso tem haver com o Evangelho de Jesus Cristo?

Notas para uma leitura de Paulo

Se Jesus nos ensinou a sermos homens para nos tornarmos filhos de Deus, Paulo nos ensinou a fazer uma ampla releitura da cultura e da história de modo a salientar a abrangência, a singularidade e a relevância do evento messiânico. Do mesmo modo que Paulo achou necessário empreender uma reinterpretação radical do judaísmo a fim de destacar (sem esgotá-los) os significados da obra de Jesus, devemos com o mesmo propósito sujeitar a uma reinterpretação radical o cristianismo e portanto nossa própria cultura. Nesse sentido são inteiramente válidas as críticas “pós-modernas” à história do cristianismo e a uma leitura tradicional ou condicionada do texto bíblico, mesmo quando o alvo dessas críticas é o caráter historicamente condicionado do próprio Paulo. Nenhum discurso é capaz de esgotar aquilo de que Jesus nos libertou ou as implicações da vida, morte e irradiação de Jesus para a nossa postura e nossa disposição cultural em cada momento da história; o Apóstolo seria o primeiro a concordar.

Paulo nos ensina não apenas que a elucidação de Jesus não alcança sua consumação no discurso de Paulo, mas que toda palavra, sendo em alguma medida proferida pela carne, será incapaz de adequadamente representar as implicações do reino, porque a carne é historicamente condicionada. Só o espírito, que sopra onde quer, poderá infundir na compreensão contemporânea da boa nova a suficiente graça. A letra mata, mas o espírito confere vida. O reino não consiste na palavra, cujo significado qualquer um pode sequestrar, mas na pura e intangível e subversiva e cavalheiresca e gentilíssima e inextinguivelmente generosa Intenção que é seu poder.

Nos primeiros séculos alguns cristãos chegaram à conclusão que para sobreviver o cristianismo requeria incessante defesa diante de ideias que competiam com ele pela primazia, e se tornaram por essa razão apologistas/defensores. Nas últimas décadas alguns cristãos chegaram à conclusão que para que a pérola de Jesus possa ser apreciada em sua pureza e singularidade, o próprio cristianismo não deve estar imune a críticas e ataques de dentro e de fora. Os primeiros achavam que ser como Paulo é tornar-se argumentador como ele; os últimos, que ser como Paulo é aprender com ele a exaltar a singularidade de Jesus em detrimento de todo o resto. O que confirma a validade do reino não são as muralhas de discurso que os articulados levantam para protegê-lo, mas a inargumentável irradiação de Jesus que despejam no mundo os menores de seus discípulos. Importa que Jesus cresça e que o cristianismo – abstração que Paulo provavelmente não reconheceria – diminua.

Paulo Brabo

06 maio, 2010

Há consolo no luto?

Ao abraçá-la, senti seu corpo magro. Notei que seus olhos baços me contemplavam sem entusiasmo. Na primeira palavra, percebi a voz quebrada de uma mulher sofrida. Eu imaginava, mas não alcançava a angústia que minha amiga atravessava. Ela experimentava a hora mais dolorida e mais terrível da existência: a hora do luto.

A morte é sorrateira, insidiosa, traiçoeira. Alguns, desenganados, recebem o bilhete fatal e dispõem de tempo para arrumar a casa antes da partida. Mas para minha amiga a guilhotina desceu sem aviso. A morte não respeitou sequer possíveis imaturidades de sua alma; serpenteou, deu o bote, feriu e carregou quem escolheu. O que dizer, diante de uma mãe que chora, de uma esposa que perdeu o chão e que não sabe mais se terá forças para achar um norte?

As respostas aparentemente confortadoras se esvaziam. “Deus tem um plano”; “Ele leva para si os bons”; “Chegou a hora”. Tais frases, funcionam como aspirina que alivia sem curar o problema. Em um esforço medonho de não parecer professoral, procurei oferecer-lhe outro modelo de como perceber os atos misteriosos de Deus. Mas logo notei que meu esforço era inútil. Minha amiga esperneava dentro da cerca teológica que fora educada. “Deus governa e como um dramaturgo celestial, conduz o desenrolar de nossas vidas. Deus não permite que nada aconteça sem que esteja previsto em seu roteiro”.

Silenciei, abraçado. Depois, voltei ao hotel e chorei. Por horas não consegui apagar o sofrimento daquela mãe. Além de ter que aprender a repetir a litania fúnebre do “nunca mais”, ela terá de brigar com o seu Deus. Que tristeza! Deitado, insone, escutei sua indignação lacerante: “Por que Deus é tão obscuro em seus planos? Por que, tão indiferente? Vou ter que esperar quanto tempo até entender seus motivos para levar (“levar” não passa de um pobre eufemismo para “matar”) um pai precioso, um amigo querido, um filho especial?”. Debulhei-me em lágrimas.

A morte baterá em outras portas e continuará a subtrair vidas. Não distinguirá justos de injustos. Traficantes viverão mais que mulheres bondosas. Pais enterrarão seus filhos, quando o certo deveria ser o contrário. Acidentes eliminarão de uma só tacada, jovens e idosos. Os amigos de Jó erraram nas conjecturas sobre o sofrimento universal. O justo Jó via-se arrasado por todo tipo de infortúnio, mas eles continuavam sem a menor idéia dos porquês. Não, não me arvoro a decifrar o enigma dos enigmas.

Contudo, prefiro a revelação bíblica de um Deus que não é um títere a puxar cordões de marionetes. Chamo-o de Emanuel: O Deus presente em nós. Jesus encarnou e viveu a sua humanidade até as últimas consequências. Semelhantes a ele, no espaço de nossa liberdade, também estamos cercados de perigos, e sempre à beira do derradeiro suspiro. Deus não arbitra quem morre e quem vive segundo critérios inacessíveis, mas se compromete a revelar seu amor quando o soluço da perda for asfixiante. Deus se mostra em cada abraço, em cada palavra de solidariedade e em cada gesto de lealdade. “A nossa dor dói em Deus”, disse Isaías. Sim, Deus é cheio de compaixão - Segundo as duas raízes de "com-paixão", Deus “sofre junto”.

Nada sei e nada posso especular sobre a morte, mas minha intuição avisa que reconhecer a companhia fiel de Deus traz mais conforto do que ficar questionando o porquê.

Soli Deo Gloria

Ricardo Gondim

Escolha dos discípulos

05 maio, 2010

A família

E aí... Esperando o Messias? Perguntou o Samaritano.

Claro! Respondeu o Sacerdote.

Então, vem aí o Messias para por Israel sobre tudo e sobre todos? Provocou o Samaritano.

A maioria pensa assim, meu amigo, mas estou chegando a outra conclusão. Disse o Sacerdote

Opa! Você saiu da caixa, mesmo! Instigou o Samaritano.

Exato! Eu estou retomando a questão da Imagem de Deus. Disse o Sacerdote.

Ah sei! A Thorah*1 ensina que fomos feito à Imagem e Semelhança de Deus. Inclusive, parece que isso tem a ver com o fato de que: como Deus, somos seres racionais e cônscios de nós e do outro, assim como moralmente responsáveis, por causa da permissão que temos para decidir sem restrição. Por isso Deus nos julga e julgará. Emendou o Samaritano.

Eu também pensava assim, mas estou mudando de ideia. Disse o Sacerdote.

Como? Você acha que tem mais do que isso? Questionou o Samaritano.

Veja! Essas qualidades, que você alistou, os anjos também têm. Também são racionais, basta acompanhar os diálogos angélicos encontrados no texto sagrado, também têm consciência de si e do outro e há anjos do mal, o que implica em que houve algum tipo de julgamento, porque perderam o seu estado natural. E, se houve julgamento, são, também, seres moralmente responsáveis! Acrescentou o Sacerdote.

Então, a gente tem de ter algo que eles não têm. Afirmou o Samaritano.

Exato! Você sabe dos dois conceitos que há, na língua hebraica, que, embora traduzidos por um, único, ou unidade, em outras línguas, no hebraico têm diferença entre si? Perguntou o Sacerdote.

Sim, conheço, as palavras “echad” e “yachid”. A gente usa “yachid” quando quer falar de peça única, como em uma pedra, e usa “echad” quando quer falar de unidade necessariamente acompanhada de outras, como em um cacho de uvas, por exemplo. Completou o Samaritano.

Pois, você já notou que quando Moisés fala que Deus é único, no chamado à adoracao no Deuteronomio 6.4, ele usa a palavra “echad”? E que, quando fala, no Genêsis 1.24, que Deus disse que o homem deve deixar pai e mãe e se unir à sua mulher, e que, quando isso acontece, se tornam uma só carne, também usa a palavra “echad” para designar o efeito da comunhão entre homem e mulher? Perguntou o Sacerdote, denotando emoção.

Rapaz! Isso é de impressionar! Você está a dizer que é na constituiçãoo da família que nos tornamos imagem de Deus? Diz o Samaritano.

Não ao nos constituirmos família, mas, no fato de sermos família. A gente não pode esquecer que Moisés nos ensinou que somos uma família, nós, todos os seres humanos, de todas as nações, viemos de um único casal: somos uma só família. Estou dizendo que somos imagem e semelhança de Deus, porque somos uma só família. E, cada um de nós, o é, porque nasceu nessa família, dessa família e para viver por essa e nessa família. Completou o Sacerdote.

Sim, pode até ser, mas isso se perdeu! Veja o nosso caso, somos de nações irreconciliáveis! Aliás, nem na família a gente vê isso! Anotou o Samaritano.

Pois é! Isso que eu penso que o Messias fará: conciliará todas os seres humanos e todas as nações, fazendo ressurgir a família humana, assim a imagem e semelhança de Deus reaparecerá! Exclamou o Sacerdote.

Lindo! E isso é muito mais do que restaurar a Israel! Todos seremos contemplados! Mas, você, ao dizer isso, não está dizendo que Deus, também, é uma família? Inquiriu o Samaritano.

É. Ou, no mínimo, unidade acompanhada, necessariamente, de outra ou outras. Eu percebo que Moisés insistiu em falar de Deus no plural. Assim como insistiu em dizer que nós, humanos, somos uma só criacao, porque Deus só manipulou o barro uma vez, e só soprou uma vez, e que Adão, disse ele no Genesis 5.1 e 2, era o nome do casal e não do macho, de modo que, quando Deus passeava no jardim, e chamava por Adão, o casal se apresentava a Ele. Disse o Sacerdote.

Você está a dizer que Deus é uma família? Insistiu o Samaritano.

Bem... Acho que ainda não consigo dizer isso, mas estou profundamente incomodado com essa possibilidade*2. Replicou o sacerdote.

Bom, meu amigo, você já me deu muito para pensar; a gente se vê. E saiu o Samaritano.

Ariovaldo Ramos

03 maio, 2010

É bem por aí...

01 maio, 2010

Verdades...

"Quando dá a um pobre você não está dando do que é seu, está devolvendo o que pertence a ele. Você é quem havia usurpado o que é comum, aquilo que foi dado para o comum benefício de todos."

Ambrósio de Milão